Dia de Campo
debate Produção de Alimentos e Agrotóxicos
As atividades do Dia de Campo realizado pelo GT
Macrorregional sobre Agrotóxicos, no distrito de Santana, marcaram esta
sexta-feira, 15 de setembro. O evento reuniu um público de agricultores, alunos
das escolas estaduais do interior e membros de entidades ligadas à agricultura,
meio ambiente e saúde para debater acerca do tema “Produção de Alimentos e
Agrotóxicos: uma questão de saúde”.
A programação teve início às 9h, com o painel
“Intoxicações causadas por agrotóxicos e os impactos na saúde”, ministrada pela
médica especialista em toxicologia aplicada, do Centro Estadual de Vigilância
em Saúde, Virgínia Dapper. Ela salientou a dificuldade que existe para mapear
os impactos toxicológicos dos produtos agrícolas, pois ao realizarem exames,
são analisados os produtos de formas separadas, no entanto, na agricultura, são
utilizadas misturas destes produtos.
“No que tange o papel dos médicos para diagnosticar a
intoxicação por agrotóxicos, precisamos enfatizar que hoje só existem exames
médicos que diagnosticam intoxicação por organofosforados (conjunto de
compostos químicos), por isso, é muito importante que o agricultor relate ao
médico quando teve contato com agrotóxicos pela última vez antes de os sintomas
começarem a aparecer”, afirma. A médica destacou ainda a importância da atuação
do agente comunitário de saúde, que chega até a casa do agricultor com
informações, o que possibilita e auxilia no processo de conscientização sobre o
uso indiscriminado de agrotóxicos.
Nesse contexto, o tenente Fernando Hochmuller,
especialista em policiamento ambiental na 2ª Companhia de Polícia Ambiental de
Cruz Alta, relatou sobre a importância das denúncias sobre o uso indiscriminado
dos agrotóxicos. Em sua fala, demonstrou com dados e fotos, os casos que
aconteceram na região em que muitos agricultores foram afetados pelo uso de
agrotóxicos realizado por vizinhos. “Em muitos desses casos, tivemos pessoas
apresentando sérios sintomas de intoxicação, além de morte de animais e
contaminação da água e solo. Esses fatos que trago são fatos reais, não são
estudos ou estatísticas, mas sim a realidade de nossa região”, conclui frisando
que as denúncias devem ser feitas à Polícia Ambiental de Cruz Alta e os
responsáveis podem sofrer com a pena de reclusão da liberdade pelo tempo de 1 a
4 anos e/ou multa que pode variar de R$ 500 a R$ 2 milhões.
Na parte da tarde, o agrônomo presidente da Apaju,
Luiz Volney Viau, debateu sobre “Agroecologia: uma transição possível”. Ele apresentou
as propriedades de solo e os tipos de tratamentos utilizados, exemplificando
com fotos e projetos da prática da implementação da agroecologia. O agrônomo
encerrou sua fala chamando atenção para a necessidade de tornar o alimento como
o principal medicamento do homem, prestando atenção nas suas propriedades
naturais e relembrando da importância de se ter um alimento puro e livre de
agrotóxicos.
A nutricionista Eilamaria Libardoni Vieira, deu continuidade
às discussões da tarde, falando sobre o projeto “Agroindustrialização de
hortaliças orgânicas produzidas na região noroeste”, desenvolvido na Unijuí. O
projeto tem por objetivo avaliar a quantidade de hortaliças orgânicas
produzidas na região, tendo o processamento das hortaliças realizado nos laboratórios
de Nutrição e Bromatologia da Unijuí. Com isso, quer-se encontrar uma forma de
ampliar a vida de prateleira dos produtos, melhorando os aspectos ligados a
comercialização, validando ainda as experiências locais com agricultura
orgânica e agroecológica em toda região noroeste.
A programação ainda contou com oficinas concomitantes
como a Mostra da Biodiversidade Regional (Patran – Cruz Alta), Exposição
Colheita Venenosa, do Museu Municipal Olindo Feldkircher, de Selbach, Solos e
Alternativas, com Jair Matos Borba (Fetag), e a oficina sobre Plantas
Medicinais, do Grupo de Saúde Popular do STR.
*Confira a galeria completa de fotos no Facebook do GT.