quarta-feira, 19 de abril de 2017


Trocas de sementes crioulas incentiva cultura saudável na região Noroeste


“Sementes crioulas são sementes tradicionais, são sementes antigas, são sementes saudáveis”. A fala, de Pedro Kunkel, guardião de sementes crioulas que reside em Panambi, no Noroeste do Rio Grande do Sul, resume um pouco a importância dessas sementes. Elas são puras, ou seja, nunca tiveram contato direto com agrotóxicos nem são geneticamente modificadas e são plantadas em áreas ecológicas cedidas por pequenos agricultores. Pedro é o responsável pelo banco das sementes, uma casa onde elas são guardadas e podem ser trocadas com produtores que vêm de diversas regiões do Estado em busca de plantas “que os avós cultivavam”, de receitas de repelentes e adubos naturais.
Como base de uma cultura sustentável, as sementes são cultivadas através de adubação verde, uso de minerais, rotação de culturas e plantando muitas variedades próximas de forma que, segundo Kunkel, uma planta proteja a outra. Porém, tudo isso só é possível graça aos mutirões de troca de sementes que são a forma de abastecer os bancos pois, segundo Pedro, “nenhum produtor ou guardião consegue assumir a responsabilidade de inúmeras variedades nobres que precisam ser salvas. Então, na medida que alguém assume o plantio de determinada variedade […], no dia que se encontrar, traz o resultado e o intercâmbio e a multiplicação acontecem ao natural, pela prática do mutirão”.
Kunkel conta que muitos agricultores trazem as sementes até no bolso para não perder a oportunidade de trocar por uma semente que não tenha, mas gostaria de ter ou para, simplesmente, encontrar plantas da época de sua infância. Ele afirma que nunca vendeu ou cobrou pelas sementes; todas foram trocadas.


O Canal Futura, em parceria com a ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária) e a TV Globo patrocinaram a produção de um curta-metragem sobre o mutirão de trocas de sementes que ocorre em Panambi e que foi idealizado por Pedro Kunkel. O documentário, “Sementes”, tem direção de Marcelo Engster e recebeu os prêmios de “Melhor Filme” pelo júri popular do Cinecipó (2015), “Melhor Documentário” na 15ª Mostra de Audiovisual Universitário em Cuiabá (2016) e o “Prêmio Vladimir de Carvalho de Melhor Pesquisa” no 3º Festissauro – Festival de Audiovisual do Vale dos Dinossauros (2016). O curta pode ser conferido, na íntegra, na página do Youtube do Canal Futura.


Por Manuela Joana Engster, acadêmica de Jornalismo da UNIJUÍ – Agência de Notícias

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