Trocas de sementes crioulas incentiva cultura saudável na região Noroeste
“Sementes
crioulas são sementes tradicionais, são sementes antigas, são sementes
saudáveis”. A fala, de Pedro Kunkel, guardião de sementes crioulas que reside
em Panambi, no Noroeste do Rio Grande do Sul, resume um pouco a importância
dessas sementes. Elas são puras, ou seja, nunca tiveram contato direto com
agrotóxicos nem são geneticamente modificadas e são plantadas em áreas ecológicas
cedidas por pequenos agricultores. Pedro é o responsável pelo banco das
sementes, uma casa onde elas são guardadas e podem ser trocadas com produtores
que vêm de diversas regiões do Estado em busca de plantas “que os avós
cultivavam”, de receitas de repelentes e adubos naturais.
Como
base de uma cultura sustentável, as sementes são cultivadas através de adubação
verde, uso de minerais, rotação de culturas e plantando muitas variedades próximas
de forma que, segundo Kunkel, uma planta proteja a outra. Porém, tudo isso só é
possível graça aos mutirões de troca de sementes que são a forma de abastecer
os bancos pois, segundo Pedro, “nenhum produtor ou guardião consegue assumir a
responsabilidade de inúmeras variedades nobres que precisam ser salvas. Então,
na medida que alguém assume o plantio de determinada variedade […], no dia que
se encontrar, traz o resultado e o intercâmbio e a multiplicação acontecem ao
natural, pela prática do mutirão”.
Kunkel
conta que muitos agricultores trazem as sementes até no bolso para não perder a
oportunidade de trocar por uma semente que não tenha, mas gostaria de ter ou
para, simplesmente, encontrar plantas da época de sua infância. Ele afirma que
nunca vendeu ou cobrou pelas sementes; todas foram trocadas.
O
Canal Futura, em parceria com a ABTU (Associação Brasileira de Televisão
Universitária) e a TV Globo patrocinaram a produção de um curta-metragem sobre
o mutirão de trocas de sementes que ocorre em Panambi e que foi idealizado por
Pedro Kunkel. O documentário, “Sementes”, tem direção de Marcelo Engster e recebeu
os prêmios de “Melhor Filme” pelo júri popular do Cinecipó (2015), “Melhor
Documentário” na 15ª Mostra de Audiovisual Universitário em Cuiabá (2016) e o
“Prêmio Vladimir de Carvalho de Melhor Pesquisa” no 3º Festissauro – Festival
de Audiovisual do Vale dos Dinossauros (2016). O curta pode ser conferido, na
íntegra, na página do Youtube do Canal Futura.
Por Manuela Joana
Engster, acadêmica de Jornalismo da UNIJUÍ – Agência de Notícias
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